Sunday, February 4, 2007

A Morte

Olá a todos.

Este fim de semana foi imensamente estranho... 5 pessoas que eu conheço fizeram anos, o que é de si extraordinário. Por outro lado, morreu uma outra pessoa que eu conhecia, muito próxima de um familiar meu, pelo que assisti ao velório e fui ao primeiro funeral da minha vida.

Tudo isto fez-me pensar na morte.

Quando eu era pequena, por volta dos meus 7 anos, tinha imenso medo da morte. Era uma angústia terrível que me assaltava todas as noites. O que mais incomodava era a ideia horrível de fechar os olhos e não os tornar a abrir... não sei se foi por causa dessa fase da minha vida, de tão intensa que foi, que perdi todo o meu receio da morte...

Tenho muito mais medo da dor do que da morte. Deixa-me sobretudo curiosa, saber o que se passa exactamente. Pensar se de facto ficamos a ver-nos estendidos e inertes, flutuando no ar, à espera de uma passagem, ou se é um longo sono sem sonhos, do qual efectivamente nunca mais acordamos. A perspectiva da morte terá muito a ver com a nossa fé; e muitas vezes esta fé é mais uma busca de coragem e consolo na morte dos outros e na antecipação da nossa. Uma maneira de dizer, ah, isto não acaba aqui, de não sofrer tanto, e sobretudo de esperar um reencontro algures num sítio menos doloroso.

A morte está em todo o lado. Falamos dela todos os dias, quando discutimos aborto, eutanásia, as taxas elevadissimas de suicidio. Sempre que há uma doença pensamos na morte. Sobretudo, é a única coisa da qual temos absoluta certeza, incontornável, invencível, igualzinha para todos. A morte faz absolutamente parte da vida.

Hoje, no funeral, assisti a todos os ritos, toda a dor, todo o sofrimento. Eu mesma não pude evitar chorar. Mas essa dor, é de quem? Fruto de que medos? De nunca mais poder abraçar alguém, ou ter os conselhos de alguém. Nunca mais contar com esse alguém. Todas as lágrimas, vindas da pequenina incerteza do reencontro. Mas por outro lado, de onde vem a força para virar costas ao caixão, e seguir em frente? Os sorrisos por entre as lágrimas? Essa esperançazinha que nos faz acreditar que o ser humano é muito mais que um corpo, é energia concentrada, e que nunca se perde? O que faz com que o amor perdure, mais que a morte?

Tem ínfimos mistérios. É controversa, indefinida. Universal. Não há quem não pense nela. No que acontece após, e no que deixa do antes...

É importante que pensemos na morte. Quanto mais não seja para saber aproveitar cada oportunidade, cada momento, cada respiração, cada pessoa que amamos. E fazer o máximo da nossa vida.

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